Yorgos Lanthimos não é um nome desconhecido. A partir de 2015, com The Lobster (A Lagosta), começou a ganhar reconhecimento e, mais recentemente, com Poor Things (Pobres Criaturas) chegou ao auge da sua carreira. Este ano, também com a participação de atores com quem trabalhou em “Pobres Criaturas” (como Emma Stone, Williem Dafoe ou Margaret Qualley) “Histórias de Bondade” é lançado comercialmente em Portugal. O filme estrutura-se como uma fábula tríptica, uma história divida em 3 partes.
Na primeira, conhecemos um homem que tenta reassumir o controlo da sua própria vida; na segunda, um polícia alarmado com o facto da sua mulher, que estava desaparecida, ter regressado e parecer uma pessoa diferente; e, na terceira, uma mulher determinada a encontrar uma pessoa específica com uma capacidade especial.
O que se sente aqui, em geral, é que nada se repete ou se recicla, a não ser o sentimento de algumas personagens, nomeadamente da personagem interpretada pelo ator Jesse Plemons, que durante as três partes transpira um total desconforto e que, por isso, tem um desempenho notável. Sendo este um filme em que Lanthimos regressa ao mundo real, ao contrário da imersão num mundo fantástico em “Pobres Criaturas” ou numa distopia em “A Lagosta”, “Histórias de Bondade” representa um universo atual, muitas vezes assustador, onde nunca sabemos para onde o filme nos levará a seguir, tudo é imprevisível. Há momentos neste filme que alguns espectadores podem achar desconfortáveis, mas que não deixam de dar sentido à história, sendo portanto fundamentais.
Vale a pena referir que a duração (2h45) não é um problema, o filme progride de uma maneira bastante satisfatória em todas as suas partes, tendo também em conta que estamos a ser apresentados a diferentes contextos a cada novo capítulo. “Histórias de Bondade” é sim, o regresso do “antigo” Yorgos, que traz de volta o seu parceiro grego Efthymis Filippo. É um filme que, quer na realização, quer no rumo que a história toma, nos deixa extremamente ansiosos para saber o que virá a seguir. O filme pode ser visto na Casa do Cinema de Coimbra (horários aqui).
Escrito por: Guilherme Paiva