Quando a FPCC transmitiu ao Cineclube Octopus a vontade de organizar, na cidade da Póvoa de Varzim, o Encontro Nacional de Cineclubes (ENCC) para este ano de 2021, a nossa resposta positiva teve em conta duas razões que gostaríamos de destacar.
Em primeiro lugar, as experiências recentes dos Encontros de 2018 e 2019, e o quanto estas nos permitiram perceber a importância desse contacto em presença com outras pessoas que desenvolvem idêntica atividade cineclubista pelo continente e pelas ilhas. Mas mais do que conhecer outros dirigentes, tratou-se sobretudo de perceber a realidade diversa dos cineclubes em Portugal e a natureza da nossa dimensão enquanto setor particular do associativismo, da qual até então tínhamos uma perspetiva limitada.
Em segundo lugar, foi também termos dado conta, por alturas deste verão, que talvez não haja apenas nuvens negras no futuro próximo dos cineclubes, apesar das dificuldades que estes anos de pandemia possam ter ajudado a fragilizar várias estruturas. Saber da possibilidade — afirmada publicamente por parte de um dirigente governamental do setor — de o estado financiar mais de uma centena de projetores digitais pelo país (continente e ilhas) irá com certeza abrir portas para também surgirem novas vontades e interesses na criação de iniciativas cineclubistas noutras localidades.
Nos últimos anos já tínhamos notado novas ações concretas numa lógica cineclubista, sinal de que o movimento podia ser de crescimento, embora as nossas estruturas se debatam com diversas e imensas dificuldades de sobrevivência. Recentemente surgiram cineclubes em Chaves, Penafiel e Espinho, mas no último ano e meio em Montemor-o-Novo, Almada, Pombal, Costa da Caparica (CC Impala), Lisboa (Alvalade CC), Porto (Campanhã CC), há sinais de nova atividade. E alguma dela já digna de ser conhecida, como será o caso nesta edição do ENCC da iniciativa alentejana.
Essencialmente, o ENCC visa fortalecer os contactos e o conhecimento entre os dinamizadores deste movimento dispersos pelo continente e pelas ilhas. Apesar da nossa diversidade há uma paixão que nos une e essa é nossa maior força. Uma força ainda volátil, que se deve situar entre as três e as quatro dezenas, mas a necessitar de conjugar esforços para se concertar ações em defesa da sua singularidade junto das entidades estatais.
Esperamos que o ENCC de 2021 seja o ponto de partida para um futuro ainda mais promissor, e que os ares de maresia da Póvoa de Varzim sejam de inspiração para todos. O Cineclube Octopus espera assim pela presença dos representantes de todos os Cineclubes nacionais e deseja a todos uma boa confraternização e estadia.
A Direção do Cineclube Octopus