Chegados à recta final deste quarto de século do Festival Caminhos do Cinema Português, celebra-se a variedade criativa das curtas da 7ª arte nacional.
Isto porque — exceptuando-se “Caminho de Casa” de Arlindo Orta, o cardápio deste último dia está repleto de curtas-metragens, entre as quais se assinala o regresso de Teresa Villaverde com “Où en êtes-vous, Teresa Villaverde?”, um documentário que pelo título poderia dar aparências de auto-biográfico.. mas, como a realizadora já nos habituou, trata-se somente de olhar pessoal não sobre a cineasta, mas sim sobre o Carnaval do Rio o desfile que a Escola da Mangueira fez em homenagem a Marielle Franco.
De facto, o formato curta denota-se como o mais popular de entre os autores cinematográficos de Portugal e os Caminhos deste ano não desmentem tal tendência. No entanto, aponta-se é um número menor de projectos de animação, embora o género se mantenha vivo com curtas como “Moulla” de Rui Cardoso, “O Peculiar Crime o Estranho Sr. Jacinto” de Bruno Caetano e “Les Extraordinaires Mésaventures de la Jeune Fille de Pierre” de Gabriel Abrantes. Esta última curta — que figurou na cerimónia de abertura — embora não seja totalmente de animação, envereda por uma mistura de animação computadorizada com imagem real, talvez um sinal de que os criadores de animação em Portugal estejam a preparar-se para abraçar as técnicas do CGI.
Entretanto, com grande fulgor permanece a lente documental, que não dá sinais de qualquer trégua criativa no cinema português. A maior motivação dos cineastas em Portugal continua a centrar-se no captar do quotidiano pela via de fotogramas da realidade, seja para enquadrar ensaios ficcionais ou poemas criativos, seja mesmo para apresentar o mundano a olho nú. Embora este ano no campo das longas-metragens o regresso de Pedro Costa tenha recebido meritório destaque, a ribalta não ficou esquecida perante as imagens em movimento assinadas por Tiago Hespanha (em “Campo”), José Filipe Costa (em “Prazer, Camaradas”) ou Tiago Siopa (em “Fantasmas: Caminho Longo para Casa”). Por este cinema verídico e autêntico vive-se a actualidade e o povo português, algo amargurado mas sempre esperançoso, tal qual o esquema de cores da bandeira.
Saiba mais na seguinte ligação: Crónica do Festival – Parte IX.