“Grand Tour”, realizado por Miguel Gomes, concedeu ao mesmo o Prémio de Melhor Realização em Cannes este ano.
Passado em 1918, o filme conta-nos a história de um funcionário do governo britânico que, no dia do seu casamento, foge da sua mulher, que o passa a perseguir incessantemente. O filme divide-se em duas linhas fundamentais: a narrativa, que nos dá conta do enredo, e a documental, concretizada pela equipa que fez esta viagem pela Ásia antes da rodagem em estúdio.
A parte narrativa é simples, mas não deixa de ser envolvente. Edward, no seu tour, inundado de melancolia e angustia, numa reflexão critica que causa um certo impacto emocional no espectador. Depois temos Molly, a jornada no feminino começa, cujo único objetivo é encontrar Edward, com todas as incertezas que surgem ao longo do caminho.
Se olharmos para trás na filmografia do Miguel Gomes, encontramos neste filme pontos de fusão entre “Tabu” (2012), pela ficção história contada, e “As Mil e Uma Noites” pela realidade documental, que estão igualmente presentes em Grand Tour, tal como a quebra da quarta parede na reta final do filme, momento extremamente gratificante para os conhecedores da obra do realizador, e que os espectadores não tão atentos à obra do realizador podem não entender.
Este paralelo, entre o estúdio e a realidade atual, provocam uma reflexão em torno de cada um desses registos, que se complementam e que se ligam no seu todo.
A banda sonora também tem um papel muito importante, mergulhando o espetador no jogo deste Grand Tour.
O resto do filme fala por si.
Critíca por: Guilherme Paiva