O cinema não nasceu aquando da criação da película cinematográfica. Nem no primeiro registo de imagens em movimento, nem quando quem as registou as viu projetadas para si. O cinema nasceu num salão, mais exactamente no Salon Indien do Grand Café, em Paris, pelas mãos dos irmãos Lumière, onde no dia 28 de Dezembro de 1895 se realizou a primeira exibição paga de cinema, em que um pequeno conjunto de pessoas pagaram 1 franco cada para verem imagens em movimento numa tela.
Mas, ainda existe cinema quando as pessoas não são permitidas estarem juntas?
O mundo hoje está a viver tempos desafiantes, uma era que irá ser recordada pela pandemia e todos nós temos vivido a experiência do confinamento e da limitação de contactos. Que nos afastou da convivência, que não nos permitiu o encontro.
Os cineclubes vivem do encontro, da presença, do e para o público. E durante algum tempo não nos foi permitido ser. Fomos interrompidos de ‘ser’, apesar de existirmos.
O ano de 2020 interrompeu-nos o encontro, e agora que nos reencontramos é tempo de olhar para dentro e perceber como estamos para que possamos ter futuro.
Qual é a realidade pós-pandémica da cultura cinematográfica no Portugal profundo, e que desafios as diferenças geográficas trazem à atividade cineclubista? Quais são as verdadeiras dificuldades de exibir e de existir o cineclubismo? Quão diversas são as práticas cineclubistas em Portugal? Com quem se dialoga e como se conjugam associações e municípios?
Estas foram as questões essenciais que a FPCC achou necessário debater no Encontro deste ano de 2021. Uma edição de retoma, condensada e focada. Uma edição de transição. Porque o cinema também está em constante mudança de hábitos e de gerações. E de ecrãs e tecnologia.
A Direção da FPCC espera que o encontro deste ano, junto ao mar, nos permita escrever uma página de um bom capítulo.
Leonor Pires
Presidente da Direção da Federação Portuguesa de Cineclubes
fonte: Mensagem da FPCC