A ambição dos Caminhos do Cinema Português promoverem sessões de cinema fora das portas de uma sala de cinema é antiga. No passado, ao longo de várias iniciativas pontuais, conseguimos criar a aliança entre a arte cinematográfica com o património edificado e as comunidades da região, mas nunca nos apresentámos ao público com um programa coeso de várias exibições, nem tão pouco que nos permita viajar com os filmes pela geografia da região. Em 2021, em co-organização com a União de Freguesias de Coimbra, Queima das Fitas, Universidade de Coimbra e Centro de Estudos Cinematográficos, contando com o apoio do Ministério da Cultura, do Instituto do Cinema e Audiovisual e do Município de Coimbra.
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Annette, de Leos Carax
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Bem Bom, de Patrícia Sequeira
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Marcelo dos Reis acompanha “A Fonte dos Amores”, de Roger Lion
7,50 €
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O Pátio das Cantigas, de António Lopes Ribeiro
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Stardust – Nascer de uma Estrela, de Gabriel Range
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Wipeout Beat acompanham “Os Lobos”, de Rino Lupo
7,50 €
O programa é em si heterogéneo tanto na origem da filmografia, como nos géneros. Depois de trazermos “O Carteiro de Pablo Neruda” ao Jardim da Associação Académica, passeamos no sábado à noite, 28 de agosto às 21h30, até ao Jardim da Sereia para conhecer “Annette”, a longa-metragem de Leos Carax que abriu o 74.º Festival de Cannes. Este é um drama romântico musical que explora a relação entre a relação de Henry, um comediante de stand up com um sentido de humor corrosivo, e Ann, uma cantora de renome internacional, enquanto estão na ribalta e são um casal feliz e glamoroso. O nascimento da sua primeira filha “Annette” mudará as suas vidas. Segundo Rui Pedro Tendinha, “Annette é então uma provocação de um artista que pede ao espectador para alinhar neste espaço VIP de abismo.”
O ciclo continua num registo musical que nos levará às 21h30 do dia 4 de Setembro, até à Pedrulha, no largo da Igreja Matriz, para ver e ouvir o biopic “Bem Bom” de Patrícia Sequeira sobre as Doce, uma girlsband portuguesa, que marcou a primeira metade da década de 1980. O filme narra partes da vida das quatro mulheres através do “impacto que a irreverência, a rebeldia e a liberdade, particularmente ao nível da sexualidade feminina” que encantaram e chocaram, “um país de costumes antigos e conservadores”.
Indo além da relação com o espaço da região, exploramos a memória colectiva, recuperando a música nos espaços da Escola Secundária José Falcão. Diversas gerações lembrar-se-ão nos pátios da escola da “Noite dos Horários”. O registo de uma exibição de Cinema ao Ar Livre será inevitavelmente diferente, mas recuperar a música naquele espaço, avivará, certamente, algumas memórias. Querendo cumprir esse propósito, exibir-se‑á “Stardust – O Nascer de uma Estrela”, de Gabriel Range, um filme sobre a tour “The Man who sold the World” que David Bowie fez antes de se tornar famoso por todo o mundo.
O Cinema como arte manipuladora do tempo é também uma ferramenta de representação da memória individual e colectiva, sendo que os filmes do passado poderão ter novas leituras no presente. Assim, apresentamos-nos no dia 18 de setembro, às 21h45, no Terreiro da Erva, um espaço recentemente requalificado, para ver e debater o clássico “O Pátio das Cantigas” de António Lopes Ribeiro. Passado num típico bairro lisboeta na altura de Santos Populares, o filme explora a comédia pelo duplo sentido reunindo no grande ecrã, vários dos atores mais célebres da época. Simultaneamente este filme conseguiu juntar no mesmo plano a propaganda política com o humor “de revista”, proporcionando que essa mesma propaganda fosse ignorada pelos seus admiradores até aos dias de hoje. Um facto menos conhecido deste filme é que foi produzido na cidade de Coimbra.
A segunda parte do Ciclo “Cinema Fora de Portas” acontece com Cine-Concertos que nos ajudarão a olhar de outra forma para o nosso património cinematográfico. O Primeiro Cine-Concerto une a música de Marcelo dos Reis, proeminente músico do jazz nacional, com as imagens de há um século da região de Coimbra.
Filmado em vários locais de Coimbra e do Luso, “A Fonte dos Amores”, de Roger Lion, apresenta-nos vários aspectos das vivências das cidade ao acompanhar o percurso de um actor que ao visitar a cidade e a Universidade, se relaciona com uma jovem conimbricense. Esse relacionamento chamou a atenção da noiva do ator. A partir desse triângulo amoroso, o realizador Roger Lion, traça um paralelo com a história de Pedro e Inês numa peça teatral que decorre ao longo de todo o filme.
No segundo Cine-Concerto recuperamos as imagens de “Os Lobos”, de Rino Lupo, capturadas em vários locais da Foz do Douro e da Serra da Estrela, assim como do Porto de Leixões, em Matosinhos, e das localidades de Nelas, distrito de Viseu, e São Romão e Valezim, em Seia, distrito da Guarda, na década de 20 do século passado. Filmado somente com luz natural e com um elenco maioritariamente de “não atores” , o realizador procurou recriar um naturalismo realista, sendo considerado uma “obra-prima do Cinema mudo europeu”, influenciando o estilo cinematográfico e a narrativa poética da “escola de cinema portuguesa” das décadas seguintes. As imagens, recentemente restauradas pelo ANIM da Cinemateca, serão acompanhadas pelos acordes dos Wipeout Beat, uma banda de três veteranos da cena musical conimbricense, com sons “sujos do garage”.
Haverá ainda espaço para dois cine-concertos adicionais durante o próximo Festival Caminhos do Cinema Português com os The Twist Connection e Marcelo dos Reis. O programa será comunicado oportunamente.
28 de Agosto, 21:30, Jardim da Sereia
Annette, de Leos Carax (2021)
04 de Setembro, 21:30, Largo da Igreja da Pedrulha
Bem Bom, de Patrícia Sequeira (2021)
11 de Setembro, 21:30, Escola Secundária José Falcão
Startdust – O nascer de uma Estrela, de Gabriel Range (2021)
18 de Setembro, 21:30, Terreiro da Erva
O Pátio das Cantigas, de António Lopes Ribeiro (1948)
25 de Setembro, 21:30, Jardim Botânico :: Cine-Concerto
Marcelo dos Reis – acompanha – A Fonte dos Amores, de Roger Lion (1924)
9 de Outubro, 21:30, Local a Anunciar :: Cine-Concerto
Wipeout Beat – acompanha – Os Lobos, de Rino Lupo (1923)
fonte: cinema fora de portas