O decretado estado de calamidade procura salvaguardar o interesse comum da sociedade portuguesa. Nesse sentido, a Associação Académica de Coimbra restaurou algumas das medidas adoptadas durante o período de confinamento, como a identificação de todos os utilizadores do edifício, controlando as entradas e saídas. São medidas que saudamos, considerando sobretudo a defesa de todos os que contribuem para a produção cultural Coimbrã.
Nesse sentido, foi ainda decretado que a ocupação do nosso Mini-Auditório Salgado Zenha, de 45 lugares, seja limitada a 5 espectadores nas diversas sessões de cinema que ali promovemos com regularidade. Essa medida, muito para além de um excesso de zelo, é per si a antítese do discurso proferido pelo Sr. Presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) na Cerimónia de Abertura Solene das Aulas do ano letivo 2020/2021. Se o Ensino Superior deve ser democratizado e não ser o parente pobre do financiamento da Educação do País, o livre acesso à cultura e em específico ao Cinema é uma porta de entrada para uma sociedade mais livre e instruída onde o olhar do outro cabe no nosso olhar. Fechar essa porta é um ato que prejudica toda a comunidade académica interessada em desenvolver a sua literacia fílmica em actividades cujo interesse público é reconhecido pela tutela.
O Centro de Estudos Cinematográficos foi um dos primeiros cineclubes a interromper as suas actividades no âmbito da Rede de Exibição Alternativa e, em contra-corrente, dos primeiros a retomá-las cumprindo rigorosamente com as medidas de higienização de espaços, com as medidas profiláticas extensíveis a todos os espectadores e, sobretudo, com a missão de dinamizar uma programação cinematográfica de manifesto interesse cultural trazendo obras cujo acesso em Coimbra foi muito restrito.
Seguindo as normas da Direcção-Geral de Saúde, foram implementadas lotações reduzidas, tendo sido registadas taxas de ocupação significativas que rondaram valores entre 70 e 100%.. Estamos, por isso, a falar de um máximo de 20 espectadores num universo de 45 lugares, numa sala usada em exclusivo para as exibições cinematográficas que promovemos. Não se colocam desta forma questões sobre a renovação de ar do interior com o exterior. Para além disto, todos os espectadores são obrigados a higienizar as mãos e a usar máscara para frequentar o Mini-Auditório Salgado Zenha.
Desta forma e dada a gestão de acesso ao edifício tutelada pela DG/AAC, resta ao Centro de Estudos Cinematográficos lamentar uma decisão que não se esgota num excesso de zelo, prejudicando assim todos os seus associados e os novos estudantes da academia que participam no ciclo Cria’ctividade — semana de integração alternativa à praxe — e o próprio cineclube universitário que se vê impedido de obter uma receita que, apesar de simbólica, é importante para contribuir para a sustentabilidade da nossa actividade regular de exibição cinematográfica.