Ensaio sobre a Cegueira de Fernando Meirelles

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Uma iné­di­ta e inex­pli­cá­vel epi­de­mia de ceguei­ra atin­ge uma cida­de. Cha­ma­da de “ceguei­ra bran­ca”, já que as pes­so­as atin­gi­das ape­nas pas­sam a ver uma super­fí­cie lei­to­sa, a doen­ça sur­ge ini­ci­al­men­te em um homem no trân­si­to e, pou­co a pou­co, se espa­lha pelo país. À medi­da que os afe­ta­dos são colo­ca­dos em qua­ren­te­na e os ser­vi­ços ofe­re­ci­dos pelo Esta­do come­çam a falhar as pes­so­as pas­sam a lutar por suas neces­si­da­des bási­cas, expon­do seus ins­tin­tos pri­má­ri­os. Nes­ta situ­a­ção a úni­ca pes­soa que ain­da con­se­gue enxer­gar é a mulher de um médi­co (Juli­an­ne Moo­re), que jun­ta­men­te com um gru­po de inter­nos ten­ta encon­trar a huma­ni­da­de perdida.

É exi­bi­do no Mini-Audi­tó­rio Sal­ga­do Zenha no pró­xi­mo dia 9 de Novem­bro às 22:00. A entra­da é livre.

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Introdução Histórica

Fil­ma­do em Toron­to (Cana­dá), São Pau­lo e Osas­co (Bra­sil) e Mon­te­vi­déu no Uru­guai, des­de o prin­ci­pio o dire­tor optou por não focar em que país a his­tó­ria se pas­sa, esta foi uma das exi­gên­ci­as do autor do livro José Sara­ma­go (prê­mio Nobel de lite­ra­tu­ra) ao rotei­ris­ta Don McKel­lar (do fil­me Vio­li­no ver­me­lho) que adap­tou o texto.

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A his­tó­ria come­ça quan­do ocor­re uma epi­de­mia de ceguei­ra na cida­de, de for­ma inex­pli­cá­vel não se sabe quan­to tem­po irá durar e de onde vêm, afe­tan­do a visão das pes­so­as, que come­çam a ver ape­nas man­chas bran­cas, por isso à doen­ça come­ça a ser cha­ma­da de “ceguei­ra branca”.

O pri­mei­ro infec­ta­do (Yusu­ke Ise­va) aca­ba por per­der a visão enquan­to con­duz no trân­si­to caó­ti­co da cida­de, sem som­bra de dúvi­da fil­mar numa rua movi­men­ta­da do cen­tro de São Pau­lo, paran­do um car­ro em horá­rio de rush deve ter sido um gran­de desa­fio para Fer­nan­do Mei­rel­les que con­se­gue uma ten­são inte­res­san­te ao colo­car o “cego” andan­do pelo meio dos carros.

Logo a epi­de­mia vai se espa­lhan­do por todo o país, come­çan­do pelas pes­so­as que tive­ram con­ta­to com este pri­mei­ro personagem.

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Con­for­me vão sen­do con­ta­gi­a­dos pela mis­te­ri­o­sa epi­de­mia, o gover­no decre­ta que devem ser afas­ta­dos do con­ví­vio da soci­e­da­de e colo­ca­dos sobre qua­ren­te­na numa espé­cie de hos­pi­tal para que não afe­tem o res­tan­te da população.

Como a espo­sa do médi­co não é afe­ta­da pela doen­ça, ela fin­ge estar cega para ir jun­to com seu mari­do, com o intui­to de poder cui­dar da sua saú­de e uma vez iso­la­dos ela se sujei­ta a tra­tar dele como se fos­se uma criança.

O foco do fil­me não esta em mos­trar a cau­sa da doen­ça ou sua cura, mas sim o des­mo­ro­nar com­ple­to da soci­e­da­de que, per­de tudo aqui­lo que con­si­de­ra civilizado.

No fil­me as pes­so­as doen­tes come­çam a lutar pelas suas neces­si­da­des mais bási­cas, expon­do os seus ins­tin­tos pri­mi­ti­vos e resul­tan­do num colap­so da soci­e­da­de, con­for­me vai aumen­tan­do o núme­ro de pes­so­as cegas len­ta­men­te o ser­vi­ço do Esta­do come­ça a falhar.

A dire­ção de foto­gra­fia faz um tra­ba­lho impe­cá­vel, abu­san­do às vezes dos tons cla­ros na tela como se o espec­ta­dor esti­ves­se sofren­do da “ceguei­ra bran­ca”, só o sim­ples fato de ver a região do minho­cão em São Pau­lo toda devas­ta­da, cober­ta de lixo, fezes, papéis, como se o mun­do tives­se para­do a bei­ra de um caos e nenhum ser huma­no sobre­vi­vi­do, vale a pena ser visto.

Após algum tem­po essa mes­ma sujei­ra pode ser nota­da no hos­pi­tal, com a fal­ta de higi­e­ne, aten­di­men­to médi­co e comi­da, neces­si­da­des bási­cas de qual­quer ser huma­no, a his­tó­ria vai fican­do mais ten­sa ao mos­trar a cru­el­da­de que o ser huma­no con­se­gue impor aos demais em situ­a­ções criticas.

Curi­o­si­da­de: O autor José Sara­ma­go foi con­vi­da­do para assis­tir ao lan­ça­men­to do fil­me, mas por não se encon­trar em bom esta­do de saú­de, os médi­cos reco­men­da­ram que não via­jas­se, assim Fer­nan­do Mei­rel­les foi até sua casa em Lis­boa para lhe apre­sen­tar o filme.

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Prémios

FESTIVAL DE CANNES
Indi­ca­ção: Pal­ma de Ouro – Fer­nan­do Meirelles