A cinemateca da Brooklyn Academy of Music (BAM) volta a ser, a partir desta quinta-feira, a “casa” do cinema português em Nova Iorque, desta vez abrindo as portas a “novas vozes” da produção cinematográfica nacional.
Depois de mostras dedicadas desde 2010 a João César Monteiro, João Pedro Rodrigues e Pedro Costa, entre um e seis de Dezembro de 2011 o principal centro cultural de Brooklyn (e um dos maiores na região de Nova Iorque) vai mostrar “Som e Fúria: Cinema Português Recente”, complementando a iniciativa com um fim-de-semana dedicado ao Fado.
“Quisemos mostrar algumas das mais novas vozes do cinema português, como Sandro Aguilar, Miguel Gomes ou João Nicolau. Foi um pouco difícil não ter filmes de Pedro Costa ou Manoel de Oliveira, mas quisemos manter um espetáculo claro e conciso, não uma pesquisa ao longo de um mês”, disse à Lusa a diretora da Cinemateca do BAM, Florence Almozini.
Cinema com Fado
Para “Mistérios de Lisboa”, de Raul Ruiz, muito aclamado pela crítica norte-americana, o BAM “teve” de arranjar espaço no cartaz, mesmo que o falecido realizador chileno não se integrasse no critério de seleção de cineastas para esta mostra, adiantou Almozini, confessa adepta de cinema português.
A mostra decorre em paralelo a “Tudo Isto é Fado”, uma série de dois concertos na principal sala do BAM, onde, na sexta-feira, dia dois de Dezembro, Camané e uma “embaixada” de fadistas farão a sua estreia nos Estados Unidos, seguindo-se, no dia três de Dezembro, os mais recentes projectos musicais Amália Hoje e Deolinda.
Com curadoria de Almozini e de António Pedroso, a mostra de cinema abre esta quinta-feira com “O Barão”, de Edgar Pêra, prossegue no domingo com “Morrer Como um Homem”, de João Pedro Rodrigues, e “A Espada e a Rosa”, de João Nicolau.
Domingo, quatro de Dezembro, será a vez de “Mistérios de Lisboa” e, na segunda-feira, será exibido “Aquele Querido Mês de agosto”, de Miguel Gomes, também bem acolhido pela crítica norte-americana.
O último dia, seis de Dezembro, é dedicado a Sandro Aguilar, com um conjunto de curtas-metragens e o filme “A Zona”. Apesar de todos os filmes “acrescentarem algo” ao cartaz, Florence Almozini admitiu particular predilecção por “Aquele Querido Mês de agosto”. “Escolhia‑o pela exuberância, pela alegria, pelo retrato completo de um mês de verão, ao mesmo tempo que mostra grandes qualidades cinemáticas”, adiantou a diretora da cinemateca do BAM.
“O cinema português que conheço não faz cedências e penso que é feito puramente por méritos artísticos, sem se virar para agradar ou apelar a um público mais generalista. E a cinematografia é sempre excecional”, adianta Almozini.
Mostrar trabalhos como o de João César Monteiro “pode ser um desafio”, mas o papel de uma cinemateca ou museu é “apresentar ao público novas formas de cinema, novos territórios, novos realizadores”, e aí começou a ligação ao cinema português, afirmou. Já a retrospectiva de João Pedro Rodrigues, no ano passado, que contou com a presença do realizador português, teve “grande resposta da crítica e uma comparência de espetadores muito boa”, sublinhou.